Perspectiva de não consolidação fiscal contamina ativos e impacta política monetária, diz Picchetti, do BC
BRASÍLIA (Reuters) - Indicativos, na visão do mercado, de uma piora na trajetória dívida pública e a perspectiva de não haver uma consolidação fiscal no país contaminam expectativas de mercado e preços de ativos, disse nesta sexta-feira o diretor de Assuntos Internacionais e de Riscos Corporativos do Banco Central, Paulo Picchetti.
Em seminário organizado pelo Centro de Estudos Monetários da Fundação Getulio Vargas (FGV) e Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), Picchetti afirmou que a questão fiscal não é diretamente “problema do BC”, mas a autarquia incorpora seus impactos ao conduzir a política monetária.
"Essa perspectiva de por enquanto você não ter uma consolidação fiscal contamina expectativas dos agentes, preços dos ativos, e a gente sempre comenta que o fiscal não é nosso problema, mas os impactos do fiscal sobre preços de ativos e expectativas, sim", disse.
Na decisão de maio do Comitê de Política Monetária (Copom), que levou a taxa Selic a 14,75% ao ano, o BC disse que a percepção dos agentes sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue tendo impacto sobre os preços de ativos e as expectativas, com as incertezas sobre o tema colaborando para gerar impactos deletérios sobre a potência da política monetária.
Citando incertezas no cenário, Picchetti disse que o BC seguirá acompanhando dados e optou por não dar nenhuma sinalização explícita sobre o que fará com os juros básicos à frente.
Na apresentação, o diretor afirmou que o BC chamou atenção para sinais incipientes de desaceleração da atividade econômica, mas ponderou que dados indicam que o primeiro semestre deste ano ainda será de crescimento robusto.
(Por Bernardo Caram)