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Ex-presidente argentina Kirchner pede para cumprir pena em prisão domiciliar

11/06/2025 15h08

A ex-presidente argentina Cristina Kirchner pediu nesta quarta-feira (11) para cumprir em seu apartamento a pena de seis anos por corrupção que foi confirmada pela Justiça, enquanto sua defesa denunciava "perseguição política" ao Tribunal Penal Internacional (TPI) e seus apoiadores demonstravam indignação.

A Suprema Corte argentina manteve na terça-feira a condenação de seis anos de prisão e inelegibilidade perpétua contra a ex-presidente (2007-2015) por istração fraudulenta em contratos de obras públicas na província de Santa Cruz (sul). Ela recebeu um prazo de cinco dias úteis para se entregar ao tribunal federal.

Seus advogados pediram que a líder peronista, de 72 anos, cumprisse a pena em seu apartamento no bairro de Constitución, em Buenos Aires. "Pedimos a prisão domiciliar que é concedida às pessoas com mais de 70 anos", disse o advogado Carlos Beraldi a jornalistas.

"Não estamos pedindo privilégios, apenas que se dê o mesmo tratamento a qualquer outra pessoa na mesma situação jurídica", prosseguiu.

Ao recordar que, em 2022, um homem apertou duas vezes o gatilho de uma pistola a centímetros da cabeça de Kirchner sem que as balas fossem disparadas, Beraldi argumentou que a ex-presidente "foi vítima de um atentado e até agora os autores intelectuais não foram identificados".

Paralelamente, o advogado Gregorio Dalbón viajou a Haia para denunciar ao TPI uma "perseguição política" contra a principal opositora do governo do ultraliberal Javier Milei.

"Essa condenação é o resultado de um processo viciado, direcionado desde a origem para alcançar um objetivo político: proscrever a mulher que mais vezes venceu nas urnas desde a redemocratização", escreveu Dalbón no X, ao anunciar que também recorrerá à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

A própria Kirchner acusou na terça-feira de "fantoches" os três juízes da Suprema Corte que votaram contra ela e, diante de uma multidão de apoiadores, afirmou que "a sentença já estava escrita" antes do julgamento.

- "Houve justiça" -

De Israel, onde está em viagem, Milei comentou no X a decisão da corte superior: "Justiça. Fim." Também sua ministra da Segurança, Patricia Bullrich, opinou: "Três instâncias, centenas de provas e todas as garantias do devido processo. Houve justiça."

Enquanto isso, centenas de apoiadores de Kirchner se reuniram em frente à sua casa desde a manhã de quarta-feira, depois que milhares a acompanharam até a noite anterior, após a divulgação da sentença.

A ex-presidente saiu ocasionalmente para saudar os apoiadores entusiasmados da sacada.

Ao mesmo tempo, médicos do hospital pediátrico Garrahan, que há semanas reivindicam melhorias salariais, protestaram à tarde na Praça de Maio, no centro de Buenos Aires, junto a aposentados que realizavam um protesto semanal contra o governo Milei.

"Tem colegas que dizem: como vou cuidar dos filhos dos outros se não consigo cuidar do meu?", disse à AFP Yanina, uma enfermeira de 32 anos que não revelou o sobrenome, em meio a cantos a favor de Kirchner e cartazes que denunciavam "proscrição".

Estudantes da Universidade de Buenos Aires ocuparam várias faculdades na terça-feira "em defesa dos direitos democráticos", e alguns sindicatos bloquearam os à capital.

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© Agence -Presse

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