Estudantes protestam contra novas tarifas de internet móvel em Cuba

Alguns setores universitários de Cuba convocaram uma greve nesta quarta-feira (4), em um contexto de descontentamento estudantil devido às novas tarifas de internet móvel impostas pela empresa estatal de telecomunicações.
Em vigor desde sexta-feira (30), estas tarifas -que implicam um forte aumento para os clientes que excedem um pacote básico, drasticamente limitado, e uma dolarização parcial do serviço- desencadearam uma onda de indignação entre os cubanos, especialmente entre os universitários.
Para a Federação Estudantil Universitáira (FEU, organização oficial) da Faculdade de Matemática e Computação, "as explicações oferecidas nos espaços de debate entre órgãos estudantis e dirigentes da ETECSA (empresa estatal de telecomunicações) não deram soluções viáveis às reivindicações do povo".
"Convocamos, a partir de quarta-feira 4 de junho, os estudantes a não comparecerem as atividades docentes como forma de protesto", acrescentou a organização em um comunicado divulgado na noite de terça-feira (3) em seu canal no Telegram, que posteriormente ou a ser privado, mas ao qual a AFP teve o.
"Convidamos à direção de nossa Universidade de Havana a reconhecer legítimo este protesto com a finalidade de (...) evitar a deturpação em nossas revolucionárias e honestas intenções", acrescentam os universitários, que exigem a "revogação" da medidas implementadas pela ETECSA.
Em outro comunicado, a FEU da Faculdade de Filosofia, História e Sociologia, junta-se "a exigência da Faculdade de Matemática e Computação -que desde hoje convocou de forma legítima a não participação das atividades docentes- pela revogação total das novas medidas impostas pela ETECSA".
Por outro lado, a direção da Universidade de Havana advertiu no Facebook "que nada nem ninguém interromperá nossos processos docentes com convocações totalmente afastadas do espírito que tem animado os intercâmbios com as organizações estudantis e juvenis".
À AFP foi difícil confirmar nesta quarta-feira se a convocação para a greve estava sendo cumprida.
Desde a entrada em vigor das medidas na sexta-feira, sem aviso prévio, as organizações estudantis expressaram seu descontentamento.
Diante do clamor, o presidente Miguel Díaz-Canel declarou, no domingo (1), no X, que estava "ciente das opiniões, críticas e insatisfações" dos cubanos, e adiantou que estão sendo estudadas "opções para os setores mais vulneráveis", entre eles os estudantes.
Até agora, foram realizadas várias reuniões entre representantes estudantis e responsáveis da ETECSA, que justificam as medidas com a necessidade de obter financiamento para investimentos e para a manutenção de sua operações.
Na segunda-feira (2) à noite, a empresa indicou que os estudantes teriam finalmente direito a duas recargas mensais em moeda nacional, em contraste com uma para o restante da população, mas essa proposta não conseguiu acalmar o descontentamento dos jovens.
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