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Presidente do BC do Japão sinaliza que está pronto para elevar juros se crescimento acelerar

03/06/2025 08h15

Por Leika Kihara e Makiko Yamazaki

TÓQUIO (Reuters) - O presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, disse nesta terça-feira que o banco central japonês elevará sua taxa de juros quando estiver suficientemente convencido de que o crescimento econômico e dos preços voltará a acelerar após um período de estagnação.

Ueda também sinalizou que o Banco do Japão continuará reduzindo sua enorme compra de títulos, mesmo após o término de um plano existente até março, ressaltando sua determinação de permanecer no curso de uma retirada lenta, mas constante, da política monetária ultrafrouxa.

Segundo Ueda, o impacto das tarifas mais altas dos Estados Unidos sobre a economia japonesa pode vir primeiro de uma queda nas exportações, o que pode prejudicar os lucros das empresas e a confiança do consumidor.

"As tarifas dos EUA podem pesar um pouco sobre os pagamentos de bônus de inverno (no Hemisfério Norte) das empresas japonesas e sobre as negociações salariais do próximo ano com os sindicatos", disse Ueda ao Parlamento.

"O crescimento dos salários pode diminuir um pouco. Mas esperamos que o crescimento econômico e salarial volte a acelerar" e mantenha o consumo em uma tendência de alta moderada, acrescentou.

O Banco do Japão encerrou um programa de estímulo monetário maciço no ano ado e, em janeiro, elevou a taxa de juros de curto prazo para 0,5%, considerando que o Japão estava prestes a atingir sua meta de inflação de 2% de forma duradoura.

Embora o banco central japonês tenha sinalizado a disposição de aumentar ainda mais os juros, as repercussões econômicas das tarifas mais altas dos EUA forçaram-no a cortar suas previsões de crescimento em maio.

A alta obstinada dos preços dos alimentos, atribuída em grande parte ao aumento dos custos de importação e à disparada dos preços do arroz, também complicou as decisões de juros, pois ao mesmo tempo prejudicou o consumo e manteve a inflação geral bem acima de sua meta.

O Banco do Japão está mantendo os juros baixos mesmo com a inflação geral atingindo 4,6% em abril - bem acima de sua meta de 2% - pois espera que o aumento dos preços dos alimentos diminua, disse Ueda.

A inflação subjacente - ou aumentos de preços impulsionados pela demanda doméstica e salários mais altos - continua abaixo de 2%, mas provavelmente voltará a acelerar após um período de estagnação, disse Ueda.

"Se estivermos convencidos de que nossa previsão se concretizará, ajustaremos o grau de e monetário aumentando a taxa de juros", disse Ueda, observando que a incerteza sobre as perspectivas é "extremamente alta".

Uma pesquisa da Reuters, realizada de 7 a 13 de maio, mostrou que a maioria dos economistas espera que o Banco do Japão mantenha os juros estáveis até setembro, com uma pequena maioria prevendo um aumento até o final do ano.

Em sua próxima reunião de política monetária, nos dias 16 e 17 de junho, o Banco do Japão realizará uma revisão de seu plano de redução de compra de títulos existente e estabelecerá um novo programa para abril de 2026 em diante.

O plano está chamando a atenção do mercado, uma vez que a preocupação com a piora das finanças do Japão e a diminuição da demanda dos investidores domésticos provocaram um aumento nos rendimentos dos títulos públicos de longo prazo no mês ado.

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