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Produção de urânio enriquecido no Irã eleva temor de arma nuclear, alerta ONU

31/05/2025 10h28

O Irã acelerou a produção de urânio enriquecido a 60%, um nível próximo dos 90%, considerado suficiente para a fabricação de uma arma nuclear, segundo um relatório confidencial da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) consultado pela agência AFP neste sábado (31).

O Irã acelerou a produção de urânio enriquecido a 60%, um nível próximo dos 90%, considerado suficiente para a fabricação de uma arma nuclear, segundo um relatório confidencial da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) consultado pela agência AFP neste sábado (31).

De acordo com o documento, o total de urânio altamente enriquecido alcançava 408,6 kg em 17 de maio, um aumento de 133,8 kg nos últimos três meses - em comparação com uma alta de 92 kg no período anterior. Já a quantidade total de urânio enriquecido supera agora em 45 vezes o limite estabelecido pelo acordo nuclear firmado em 2015 com as grandes potências, chegando a 9.247,6 kg.

"Esse aumento expressivo na produção e no acúmulo de urânio altamente enriquecido pelo Irã - único país sem arsenal nuclear a produzir esse tipo de material - causa grande preocupação", alertou a AIEA no relatório.

A divulgação ocorre em meio a negociações entre Teerã e Washington, que tentam há semanas encontrar uma saída diplomática para frear essa escalada nuclear.

Cooperação "insatisfatória", diz agência da ONU

A agência também criticou a cooperação "menos que satisfatória" do Irã, conforme aponta um segundo relatório preparado a pedido das potências ocidentais após uma resolução adotada em novembro.

Segundo o documento, o Irã "repetidamente deixou de responder ou forneceu respostas tecnicamente inconsistentes" a questionamentos da AIEA e ainda "realizou limpezas" em locais suspeitos, dificultando as inspeções em três instalações não declaradas: Lavizan-Shian, Varamin e Turquzabad.

Países ocidentais - com os Estados Unidos à frente - e Israel, considerado a única potência nuclear do Oriente Médio, suspeitam que Teerã esteja tentando desenvolver armas atômicas. O Irã nega qualquer intenção militar e insiste em seu direito ao uso pacífico da energia nuclear, garantido pelo Tratado de Não Proliferação (TNP), do qual é signatário.

No sábado (31), o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, declarou que "a bomba atômica é inaceitável". Já para Israel, o Irã estaria "decidido a concluir seu programa de armamento nuclear".

Quinta rodada de negociações termina sem acordo

Apesar das suspeitas, o Irã continua sendo o único país sem arsenal nuclear a enriquecer urânio a níveis tão elevados (60%), segundo a AIEA.

Inimigos declarados há mais de 40 anos, Irã e Estados Unidos realizaram, em 23 de maio, em Roma, uma quinta rodada de negociações sob mediação do sultanato de Omã. O negociador iraniano Abbas Araghchi e seu homólogo norte-americano, Steve Witkoff, encerraram o encontro sem avanços, mas manifestaram disposição para retomar o diálogo.

No entanto, até o momento, não há data marcada para a próxima rodada de conversas.

(RFI com AFP)

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