Torres queria prender líderes de acampamento golpista, diz testemunha
A secretária de Desenvolvimento Social do Governo do DF, Ana Paula Marra, afirmou nesta manhã em audiência no STF (Supremo Tribunal Federal) que Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública, pretendia prender lideranças do acampamento golpista em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília.
O que aconteceu
Secretária depôs como testemunha de Torres. O ex-ministro da Justiça assumiu a secretaria no DF em 2023 e chamou Ana Paula Marra para participar de uma reunião no dia 6 de janeiro sobre o acampamento golpista. Segundo a secretária, também estava presente o comandante militar do Planalto, general Gustavo Dutra. Ela disse que eles pretendiam mapear os moradores de rua que estavam no local, com apoio da secretaria, antes de entrar com força policial lá.
Antes de qualquer ação, houve o 8 de Janeiro. Segundo a secretária, ficou definido que uma equipe visitaria o local na terça-feira 10 de janeiro para identificar os moradores de rua.
Intenção de prisão de líderes. Ela relatou ainda que na reunião o secretário e o general haviam dito que estavam querendo prender os líderes do acampamento. "Estavam falando de tentar expedir um mandato de prisão contra os lideres do acampamento", afirmou. Depois disso, não houve mais nenhum encontro com as autoridades da Segurança Pública do DF.
Plano citado pela secretária nunca saiu do papel. Vários ônibus chegaram a Brasília na noite do dia 6 para o dia 7, véspera dos protestos golpistas que partiram justamente do acampamento no Exército.
Torres foi para os EUA no dia 6. Ele viajou de férias e não estava em Brasília no dia dos atos golpistas que depredaram a praça dos Três Poderes. Seu secretário-adjunto na época acabou ficando responsável pela segurança do Distrito Federal naquele dia.
Para a defesa de ex-ministro, testemunhos mostram que Torres não apoiava nenhuma tentativa de golpe. Advogados de Torres afirmam que depoimentos de testemunhas até o momento reforçam que ele não teria se envolvido em trama golpista como aponta a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República).