EUA deportam brasileira fugitiva do 8/1 presa no Texas após posse do Trump
Uma das fugitivas dos ataques de 8 de Janeiro que haviam sido presas por imigração ilegal nos Estados Unidos um dia após a posse de Donald Trump, em janeiro, foi deportada para o Brasil e chegou a Fortaleza (CE) na tarde de hoje.
O que aconteceu
Cristiane de Silva, 33, foi levada à Superintendência da Polícia Federal na capital cearense, segundo apurou o UOL. Há um mandado de prisão em aberto contra a garçonete, que foi condenada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a um ano de prisão por associação criminosa — o ministro Alexandre de Moraes havia substituído a pena a uma restrição de direitos, como prestação de serviços comunitários, pagamento de multa e participação em curso sobre democracia.
Outras três brasileiras que fugiram após os ataques do 8/1 estão detidas no Texas. Rosana Maciel Gomes foi condenada a 14 anos de prisão e Raquel de Souza Lopes, a 17 anos por rimes como tentativa de golpe de Estado, associação criminosa e dano a patrimônio público —já Michely Paiva Alves é ré.
O UOL questionou a defesa de Cristine, que está em Fortaleza, se vai pedir a soltura dela, mas não obteve resposta. Cristiane, que é de Balneário Camboriú, foi presa no QG do Exército em Brasília em 9 de janeiro de 2023, um dia depois dos ataques. A garçonete disse que estava na cidade para "ear". As brasileiras negam ter cometido crimes.
Eu me arrependo, sim, porque eu fui lá para conhecer e acabei... estou sendo injustiçada por algo que eu nem cometi.
Cristiane Silva, garçonete autônoma
Brasileira falou com o UOL da prisão
Dias antes da deportação Cristiane conversou com o UOL por vídeo de dentro da detenção em El Paso (Texas). Ela reafirmou que não cometeu crime algum e, por isso, não assinou o acordo de não persecução penal proposto.
Ela repete boatos bolsonaristas —não comprovados pelas investigações— de que os ataques do 8/1 foram cometidos por "infiltrados de esquerda". "Para mim, realmente foi uma armadilha da esquerda", disse.
Em 2024, a garçonete não era condenada e tinha a oportunidade de encerrar o processo com um acordo com o Ministério Público. Mas, naquele ano, juntou-se a outros investigados no processo e fugiu para a Argentina, como revelou o UOL.
No final de novembro, quando o governo do ultraliberal Javier Milei ou a prender militantes bolsonaristas cumprindo ordens da Justiça argentina e brasileira, Cristiane e um grupo fugiram para o Peru e a Colômbia. Ela contou ao UOL que eles ficaram na Colômbia quase um mês, mas que não permaneceram por lá por que o país é governador por um presidente de esquerda, Gustavo Petro.
Da Colômbia, o grupo chegou ao Panamá e ao México. Cristiane, Rosana e Michele foram presas em El Paso, no oeste do Texas em 21 de janeiro deste ano, um dia depois da posse de Donald Trump, que prometer apertar o cerco contra imigrantes. Raquel de Souza Lopes foi presa em 12 de janeiro em La Grulla, no leste do Texas. Ela está detida em Raymondville.