Diniz analisa joia que DM do Vasco bancou após turcos desistirem de comprar

GB, de 20 anos, chegou a viajar para a Turquia em fevereiro, conheceu as instalações do Fenerbahçe, mas após exames médicos, os turcos identificaram um problema físico e desistiram de comprar o jovem do Vasco por 3 milhões de euros (cerca de R$ 19 milhões). O atacante retornou, o departamento médico cruzmaltino o bancou e agora ele brilha no sub-20 sob os olhares atentos do técnico Fernando Diniz.
Como Vasco contrariou o Fenerbahçe
O UOL fez uma apuração para entender todo o processo da ida frustrada à Turquia e o descarte de cirurgia por parte do Vasco. Tudo começou com um período de treinos com a seleção brasileira sub-20, em outubro de 2024,
GB, na ocasião, teve um entorse no joelho direito. Os médicos da CBF fizeram uma ressonância magnética que evidenciou lesão parcial do ligamento cruzado anterior.
O Vasco, porém, em seu retorno, avaliou que o joelho não tinha qualquer aparência de lesão aguda. Não havia edema ósseo, derrame e nem sinais de lesão recente. O clube, então, fez novamente uma ressonância com um radiologista de confiança do departamento, que falou que se tratava de uma lesão crônica e não tão extensa do ligamento cruzado anterior.
A avaliação foi a de que, provavelmente, essa lesão não ocorreu nem no jogo da seleção. A análise é a de que se tenha acontecido anteriormente a esse período na Granja Comary.
Chefe do DM do Vasco, Gustavo Caldeira, posteriormente, reuniu os médicos do clube e pediu para cada um fazer um exame físico em GB sem que se comunicassem. Ao final, todos foram categóricos: nada de instabilidade e nenhum critério que pudesse considerar indicação para uma cirurgia.
Em seguida, durante uma semana, fizeram variados testes com GB no campo: sobrecarga, dinâmica, entre outros. O atleta continuou sem qualquer sintoma, dor, edema e instabilidade, o que o fez ser liberado para treinos e jogos.
A negociação com o Fenerbahçe e o diagnóstico do Vasco
O Vasco aprovou a proposta do Fenerbahçe e GB viajou para a Turquia acompanhado do então diretor-executivo Marcelo Sant'anna. Por lá, os turcos fizeram uma ressonância magnética que apontaram a tal lesão parcial do ligamento cruzado anterior, a mesma da CBF, algo que fez eles optarem por não comprar o atleta.
De volta ao Vasco, o DM se baseou em um artigo científico para sustentar a tese de que, no momento, não há a necessidade de cirurgia. Nele, constam três cenários: a lesão evolui com uma instabilidade imediata; evolui com uma instabilidade tardia; ou ainda o atleta nunca vai evoluir com instabilidade nem precisar de um tratamento cirúrgico.
Até o momento, o Vasco entende que GB está nesta terceira possibilidade, mesmo quase um ano após essa lesão parcial. E que nada justifica a indicação de cirurgia.
Os médicos vascaínos entendem que um procedimento cirúrgico pode ocorrer futuramente, mas não é o que se desenha. A avaliação é a de que GB é um jogador que performa em 100% de sua capacidade.
O UOL apurou que o DM se baseou numa máxima na Medicina que diz que "a clínica é soberana", e que o médico tem que botar a mão no paciente e fazer um bom exame físico. E que se apenas se pautar no exame de imagem, a margem de erro aumenta substancialmente. A necessidade de cirurgia aconteceria caso GB relatasse que o joelho saiu do lugar ou que tinha receio de fazer certos movimentos.
Diniz observa GB
Técnico do elenco profissional, Fernando Diniz tem colocado um olhar atento sobre GB. O treinador o avaliou como um atacante "talentoso" e tem assistido aos jogos do sub-20, onde tem se destacado com artilharia e golaços.
A tendência é a de que GB seja observado mais de perto na parada do Mundial de Clubes, quando o comandante terá um mês sem jogos para treinar a equipe. Por agora, o treinador adota cautela.
Tenho um olhar bastante positivo em relação à base na minha carreira. Estou de olho, assisti os jogos do Vasco (do sub-20) desde que cheguei aqui. Então, acho que quando tiver essa parada vou ter ideia de trazer um jogador para treinar. E esses jogadores também já estiveram aqui (no profissional), principalmente o GB, falando agora especificamente, que é um jogador que sei que é muito talentoso, mas por algum motivo não ficou. Então, tenho que respeitar um pouco o que aconteceu aqui. Eles treinando e performando vão se botar, inclusive de titularidade, mas também temos que ter cuidado para não botar o jogador e errar na hora de colocá-lo. Botar e o jogador não performar, depois ao invés de ajudar, vamos prejudicá-los. Mas com certeza estou olhando e tenho gostado do que tenho visto
Fernando Diniz