Boto rechaça CR7 no Fla somente para Mundial: 'Não vemos com bons olhos'

O diretor do futebol do Flamengo, José Boto, rechaçou a possibilidade do Rubro-Negro fazer um contrato com Cristiano Ronaldo somente para a disputa da Copa do Mundo de Clubes da Fifa, que terá início em junho, nos Estados Unidos. A declaração por videochamada na 3ª Conferência Bola Branca da Rádio Renascença, de Portugal.
Temos objetivos bem claros, e os objetivos bem claros am por ganhar a Liga (Brasileiro), tentar ganhar a Libertadores, a Copa do Brasil... Tentar ganhar tudo, se for possível. E se não for, pelo menos ganhar duas, três competições aqui do Brasil. Então não vemos com bons olhos a chegada de um jogador... Seja o Cristiano, seja qualquer outro, somente para o Mundial. Não nos parece que isso tenha um impacto positivo. Nós vamos tentar reforçar já em vista nesta janela que há para o Mundial, mas o principal objetivo é que seja um reforço para o restante da temporada, e não só para o Mundial. Até porque o Mundial é uma competição nova, ninguém sabe como é que as equipes vão reagir. Fazer um investimento que pode prejudicar o resto da temporada só por causa do Mundial, da nossa parte esportiva, não vemos com bons olhos
José Boto, à Rádio Renascença, de Portugal
O que mais ele falou?
Obrigação de ganhar no Flamengo: "Um clube como o Flamengo pensa em entrar em tudo para ganhar. São 40 milhões de adeptos. Não podemos pensar a longo prazo, mas temos uma ideia de como queremos jogar e não vamos mudá-la à mínima contrariedade. Temos de ganhar ou ter obrigação de ganhar".
Falta de paciência no Brasil: "Vou dar um exemplo: nós ganhamos tudo que tínhamos para ganhar até hoje, estamos na luta em todas as frentes e temos uma derrota na Liga, uma derrota na Libertadores e há duas semanas já se falava em crise e mudar treinador. Portanto, isto é algo muito típico aqui do Brasil, uma falta de paciência enorme".
Treinadores brasileiros 'pararam no tempo': "Eu acho que se procura (treinadores portugueses) por uma questão de moda. Como eu tenho a certeza que se eu tiver sucesso aqui no Flamengo, vão abrir portas a muitos diretores em outros clubes brasileiros, mas isso é uma questão de moda. E sobre os portugueses terem sucesso, acho que é porque temos uma cultura de trabalho, de estudo que não é habitual ainda aqui no Brasil. Temos uma cultura tática muito grande e isto tem muito a ver com o fato de nunca fecharmos as portas de Portugal a estrangeiros. Aprendemos muito com treinadores brasileiros anos atrás, com os suecos, com outras escolas. Essa capacidade que temos de poder ver e irmos criando nossa identidade como treinadores, depois faz a diferença num lugar onde a maior parte dos treinadores parou um pouco no tempo em termos daquilo que são as novas metodologias de treino, a análise, muita coisa que é diferente hoje do que era há dez anos. Isto não quer dizer que no Brasil não há treinadores competentes, mas muitos deles nem sequer têm a chance de mostrar o seu trabalho".