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Augusto e ex-dirigentes do Corinthians são indiciados no caso Vai de Bet

Presidente foi indicado pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem -  PETER LEONE/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO
Presidente foi indicado pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem Imagem: PETER LEONE/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO

22/05/2025 19h56

O presidente do Corinthians, Augusto Melo, foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro relacionados ao caso Vai de Bet, antiga patrocinadora máster do clube.

O inquérito foi concluído pelas autoridades na noite desta quinta-feira.

Também foram indiciados o ex-superintendente de marketing Sérgio Moura, o ex-diretor istrativo Marcelo Mariano, além de Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, apontado no contrato entre clube e a casa de apostas como intermediador do acordo.

A situação de Yun Ki Lee ainda será avaliada. O advogado solicitou habilitação nos autos, e o pedido ainda não foi apreciado. Portanto, somente após essa liberação e a condição de ampla defesa é que a Polícia deve concluir sobre o ex-diretor jurídico.

O contrato virou alvo de investigação policial após a descoberta de rees de receitas oriundas de pagamentos do Corinthians para a Rede Social Media Design LTDA, empresa de Cassundé. Posteriormente, parte destes valores foram transferidos para uma empresa 'laranja' e chegaram a uma conta vinculada ao crime organizado, conforme comprovou o relatório assinado pelo delegado Tiago Fernando Correia, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), responsável pelo caso.

O documento ainda confirmou que Cassundé fez uma transferência de R$ 580 mil para a Neoway Soluções Integradas, a tal empresa fantasma, no dia 25 de março de 2024, mesma data em que, de acordo com dados telemáticos (ERB's) obtidos pela Polícia, Alex esteve presente no Parque São Jorge.

A intermediação deu à Rede Social Media Design LTDA o direito a receber 7% do valor total do acordo entre o clube e a Vai de Bet, o que, à época da vigência da parceria, renderia, ao fim do período de três anos, R$ 25,2 milhões para a empresa. A quantia deveria ser reada pelo clube em parcelas mensais de R$ 700 mil.

Indiciado pela Polícia Civil, Augusto Melo vê a pressão aumentar cada vez mais nos bastidores do Corinthians. Na próxima segunda-feira, o Conselho Deliberativo do clube se reunirá no Parque São Jorge, a partir das 18h (de Brasília), para retomar a votação de impeachment contra o mandatário.

O encontro teve início no dia 20 de janeiro deste ano, mas acabou sendo suspenso pela falta de segurança e devido ao horário. Na oportunidade, 126 conselheiros contra 114 aprovaram a issibilidade do processo de destituição de Augusto Melo por conta do escândalo da Vai de Bet.

Caso a maioria simples no Conselho aprove o impeachment de Augusto no dia 26, o presidente será afastado imediatamente do cargo, que será assumido de forma temporária por Osmar Stabile, primeiro vice-presidente do Corinthians.

Além disso, se o Conselho der parecer positivo quanto ao impeachment de Augusto, Romeu terá de definir uma data para a Assembleia Geral, que é a última instância do processo de destituição, com a participação dos associados do clube.

Nesse cenário, Augusto permaneceria afastado de suas funções até a divulgação do resultado final da Assembleia. Se os sócios endossarem que ele deve deixar o cargo, o mandatário será definitivamente destituído.

Entenda o caso

O contrato de patrocínio entre Corinthians e Vai de Bet foi firmado no dia 7 de janeiro de 2024, por R$ 370 milhões e validade de três anos.

No dia 20 de maio do mesmo ano, foi divulgado um esquema de 'laranja' ligado ao intermediário que firmou o acordo entre o clube a casa de apostas: a Rede Social Media Design LTDA. Em março, a empresa recebeu um pagamento de R$ 700 mil do Corinthians, com o qual sua conta bancária ou a ter saldo positivo de R$ 697.270.73. Alguns dias depois a conta foi reabastecida com a mesma quantia.

Uma semana depois, a Rede Social Media Design LTDA fez um pagamento de R$ 580 mil à Neoway Soluções Integradas em Serviços LTDA. Um dia depois desta transação, a Rede Social realizou mais uma transferência à Neoway, desta vez no valor de R$ 462 mil.

A Rede Social foi a responsável pela intermediação do acordo entre Vai de Bet e Corinthians. A Neoway é uma empresa que teria como sócia uma mulher residente de Peruíbe, chamada Edna Oliveira dos Santos. A sede da Neoway tem como endereço a Avenida Paulista, 171, 4º andar. Porém, segundo a recepcionista do local, ninguém vinculado à empresa já frequentou o local.

A grande questão é que a Rede Social pertence a Alex Fernando André, o Alex Cassundé, que participou da campanha eleitoral de Augusto Melo para a presidência do clube alvinegro, no final de 2023. Cassundé é conhecido do ex-superintendente de marketing do Timão, Sérgio Moura.

As transações de R$ 700 mil reais foram feitas sem o conhecimento do então diretor financeiro do Corinthians, Rozallah Santoro, que naquele momento estava viajando e não se encontrava no Parque São Jorge. Sem a presença de Santoro, o diretor istrativo da época, Marcelo Mariano, autorizou os pagamentos alegando que a Rede Social já havia emitido notas fiscais e teria arcado com os impostos.

Edna Oliveira dos Santos, sócia-majoritária da Neoway, é moradora de uma casa simples em Peruíbe e desconhece a empresa, da qual seria dona. Além disso, Edna desconhece Cassundé.

No dia 27 de maio, a Vai de Bet enviou uma notificação extrajudicial ao Corinthians, acenando com a possibilidade de rescindir o vínculo, inicialmente previsto até o final do mandato de Augusto Melo. No documento, a empresa expôs sua insatisfação ao time do Parque São Jorge com as notícias veiculadas na imprensa sobre a parceria.

A casa de apostas deu um prazo de dez dias para que o clube prestasse explicações e apresentasse soluções. Sem ter o retorno esperado, a Vai de Bet exerceu a cláusula de anticorrupção, contida no contrato de patrocínio, e rescindiu o acordo.

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