Vivi, mulher de Poze, é alvo de operação contra lavagem de dinheiro do CV
Viviane Noronha, 20, esposa do MC Poze do Rodo, 25, é alvo na manhã de hoje de uma operação da polícia civil do Rio de Janeiro contra lavagem de dinheiro da cúpula do Comando Vermelho.
Splash tenta contato com a influenciadora, que se posicionou pelo Instagram do marido. "Hoje mais uma vez minha casa foi violada e eu, minha família e amigos fomos tratados como bandidos e tivemos nossa privacidade invadida", escreveu. Leia a íntegra abaixo.
Poze foi preso na quarta-feira (28) por suposta apologia ao crime e envolvimento com o Comando Vermelho, e a Justiça do Rio concedeu habeas corpus para o MC na noite de ontem. Ele ainda está preso no presídio de Bangu 3, no Complexo de Gericinó, e vai ser liberado hoje.
O que aconteceu
A cúpula do CV teria movimentado R$ 250 milhões e Vivi e sua empresa figuram como beneficiárias diretas de recursos da facção, como laranjas. O objetivo seria ocultar a origem ilícita do dinheiro, reinvestido em fuzis, cocaína e na consolidação do poder territorial da facção em diversas comunidades, segundo a polícia.
As análises financeiras apontam que valores provenientes do tráfico de drogas e de operadores da lavagem de capitais da facção foram canalizados para contas bancárias ligadas à influenciadora. Assim, ela ou a ser um dos focos centrais do inquérito.
Posição de Vivi no esquema seria "simbólica". "Representa o elo entre o tráfico e o universo do consumo digital, conferindo aparente legitimidade a valores oriundos do crime organizado e ampliando o alcance da narcocultura nas redes sociais", diz nota da polícia civil.
A influenciadora questionou a "casualidade" da operação. "Alguém acredita que foi por acaso essa operação? Logo no dia que vão soltar o Marlon, e um dia depois de eu denunciar as atrocidades que a polícia vem fazendo, o caso do sumiço dos ouros e a humilhação racista e desnecessária a qual eles nos expam no dia da prisão do Marlon?"
A ação inclui ainda ordens de bloqueio e indisponibilidade de bens e valores de 35 contas bancárias. Os agentes cumprem mandados de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.
O esquema envolvia nomes como o Philip Gregório da Silva, o "Professor", morto no domingo. Foragido há seis anos, a suspeita é que ele tenha cometido suicídio.
O "Professor" era responsável por eventos como o "Baile da Escolinha". Segundo a polícia, o evento funcionava como "ferramenta de dominação cultural" e captação de recursos para o tráfico de drogas e armas.
As investigações apontam ainda que um restaurante funcionava como ponto de lavagem de dinheiro. O estabelecimento é situado em frente onde é realizado o Baile da Escolinha e funcionava como ponto de lavagem de dinheiro. "O local era utilizado como polo logístico e símbolo de poder da facção, conectando a vida noturna da comunidade à engrenagem financeira do Comando Vermelho", diz a polícia.
Uma produtora de bailes funk também é investigada. A empresa seria operadora de lavagem de dinheiro, e os bailes funcionavam como ponto de venda de drogas. As investigações revelaram que o responsável pela firma e a própria empresa figuram como destinatários diretos de recursos financeiros oriundos de operadores do Comando Vermelho.
Um segurança do traficante Edgar Alves de Andrade, o "Doca", chefe da facção no Complexo do Alemão, também foi identificado como remetente nas análises financeiras. Outra pessoa identificada é um indivíduo com histórico relevante no sistema financeiro informal ligado à facção, e procurado pelo FBI por suspeita de atuar como operador de valores para a Al-Qaeda, conforme dados de cooperação internacional.
Investigação contra Poze do Rodo
De acordo com a Polícia Civil, as investigações apontam que o cantor realizava shows exclusivamente em áreas dominadas pelo CV. A "segurança" desses eventos era garantida pela presença ostensiva de traficantes com armamento de grosso calibre, como fuzis.
Repertório musical do cantor também está sob investigação. As letras fariam apologia ao tráfico de drogas, ao uso ilegal de armas de fogo e incitariam confrontos armados entre facções rivais.
No pedido de habeas corpus, defesa argumentou que a prisão era ilegal e desproporcional, configurando uma violação à liberdade de expressão. "A ação da Polícia Civil do Rio de Janeiro é seletiva e evidencia a perseguição à arte periférica. Fosse o paciente um artista 'do asfalto', certamente a prisão não ocorreria. O paciente não ultraou os limites da Liberdade de Expressão, uma vez que ele canta a realidade dos morros cariocas", escreveu defesa.
Segundo a equipe jurídica, o cantor foi algemado mesmo tendo sido preso pacificamente em casa, sem oferecer resistência ou representar risco de fuga ou ameaça à equipe policial. O uso de algemas, neste contexto, teria tido "claro intuito vexatório e midiático", em violação à Súmula Vinculante nº 11 do STF.
Vivi celebrou ontem a decisão da Justiça de soltar Poze. "MC não é bandido", escreveu.