Dólar recua com disputas comerciais e dados dos EUA em foco
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista recuava ante o real nesta quarta-feira, conforme os investidores aguardam novidades sobre as disputas comerciais entre os Estados Unidos e seus parceiros, em particular a China, e mais dados para avaliar o impacto econômico das tarifas do presidente Donald Trump.
Às 9h34, o dólar à vista caía 0,28%, a R$5,6217 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,48%, a R$5,647 na venda.
Na terça-feira, o dólar à vista fechou em baixa de 0,65%, a R$5,6373.
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo um maior apetite por risco no exterior, em meio à expectativa de que um possível telefonema entre Trump e o líder chinês, Xi Jinping, possa ajudar a arrefecer as tensões comerciais.
A Casa Branca sinalizou na terça-feira que os líderes das duas maiores economias do mundo devem conversar ainda nesta semana, dias depois de ambos os países trocarem acusações sobre um suposto descumprimento de um entendimento alcançado no mês ado para reduzir tarifas e restrições comerciais.
Os mercados também estão otimistas com o avanço das negociações dos EUA com outros parceiros, com Trump tendo estabelecido esta quarta-feira como prazo final para os países apresentarem suas "melhores ofertas" a fim de evitar a entrada em vigor de tarifas mais altas em julho.
O plano de Trump de dobrar as taxas sobre aço e alumínio importados para 50% foi concretizado mais cedo, após o presidente um decreto sobre a questão na véspera, o que ainda impunha cautela aos mercados.
"A economia norte-americana segue pressionada com as falas e tomadas de decisão de Trump e, com isso, os mercados emergentes acabam se beneficiando", disse Lucélia Freitas, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
Em meio ao foco na política comercial dos EUA, os agentes analisam dados para tentar projetar o impacto das tarifas de Trump.
O relatório da ADP mostrou nesta quarta que os empregadores do setor privado dos EUA abriram 37.000 vagas em maio, bem abaixo da projeção de 110.000 postos de trabalho em pesquisa da Reuters, apontando para uma desaceleração do mercado de trabalho do país.
Às 11h, o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) divulgará sua pesquisa de maio sobre o setor de serviços.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,12%, a 99,041.
Na cena doméstica, o mercado também se mostrava otimista depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiou esforços do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do comando do Congresso para encontrar medidas alternativas ao decreto que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Haddad afirmou na terça que as medidas serão anunciadas apenas após encontro com líderes partidários, previsto para domingo.
O Banco Central realizará pela manhã dois leilões simultâneos de linha (venda de dólares com compromisso de recompra), com oferta total de até US$1 bilhão.