Dólar sobe para perto de R$5,70 com cautela sobre IOF e influência externa
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a quarta-feira em alta firme ante o real, próximo dos R$5,70, sustentado pelo avanço da moeda norte-americana no exterior e pela cautela dos investidores em relação ao desdobramento das mudanças no IOF no Brasil.
A pressão de alta foi atenuada à tarde após a Reuters informar que parte da perda de arrecadação com o recuo do governo sobre o imposto será coberta pelo resgate de fundos garantidores, mas ainda assim o dólar se manteve em alta.
A moeda norte-americana à vista fechou com valorização de 0,87%, aos R$5,6956. No mês, a divisa acumula alta de 0,34%.
Às 17h16 na B3 o dólar para junho -- atualmente o mais líquido -- subia 0,93%, aos R$5,6960.
No exterior, a expectativa de que acordos comerciais a serem fechados pelos Estados Unidos poderão melhorar a economia do país dava força ao dólar ante diversas moedas desde cedo.
Mas no caso do real o avanço da moeda norte-americana era mais intenso em função do mal-estar persistente em torno da questão do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Após o governo Lula voltar atrás em parte das medidas de aumento do IOF em operações de câmbio, o mercado esperava por medidas para cobrir o rombo de cerca de R$2 bilhões calculado originalmente para este ano.
Mais cedo nesta quarta, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que a pasta está sensível a pleitos do setor financeiro e vai se “debruçar” sobre possíveis alternativas "a itens isolados" do decreto que elevou o IOF em diversas transações.
As declarações de Durigan foram dadas após reunião do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e sua equipe com representantes de bancos.
"Parece haver dúvidas sobre o rumo do IOF, com o governo estudando alternativas. Há uma pressão grande, principalmente do mercado financeiro e do agronegócio", comentou no início da tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. "A cautela com o IOF fez o dólar subir mais no Brasil do que no exterior", acrescentou.
Neste ambiente, o dólar à vista marcou a cotação máxima de R$5,7192 (+1,29%) às 13h16.
No meio da tarde, porém, a Reuters noticiou com exclusividade que o governo federal vai resgatar R$1,4 bilhão de fundos garantidores que possuem recursos da União para compensar a perda de arrecadação com o recuo em relação ao IOF. De acordo com a pasta, serão sacados recursos não comprometidos do Fundo Garantidor de Operações (FGO) e do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (FGEDUC). O montante de R$1,4 bilhão seria suficiente para resolver a questão em 2025.
Em reação, o dólar à vista perdeu força ante o real e voltou a oscilar abaixo dos R$5,70 e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) se afastaram das máximas em toda a curva. Ainda que não tenha eliminado o mal-estar em relação ao IOF, a notícia de compensação via fundos ajudou a reduzir parte dos prêmios nos mercados.
Mesmo assim, o real se manteve como a moeda com a maiores perdas no mercado global, seguida pelo peso mexicano e pelo peso chileno, numa sessão de modo geral negativa para divisas de emergentes e exportadores de commodities.
Às 17h31 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas fortes -- subia 0,35%, a 99,870.